O Aplaudido Dramaturgo Curado Pelas Pílulas Pink (bib.) é um conto curto de Natália Correia que, como já o título indica, é no fundamental um grande gozo. É contado na primeira pessoa por um narrador que tem a insalubre característica de ser como que perseguido pelo aplaudido dramaturgo curado pelas pílulas pink, embora este nunca lhe apareça duas vezes com a mesma cara e trajo. Quando o nosso pobre protagonista menos o espera, pimba, eis que uma qualquer pessoa com que se cruze por acaso se lhe apresenta com a fatídica frase: "Eu sou o aplaudido dramaturgo curado pelas pílulas pink." Como está bem de ver-se, o bom do narrador depressa perde a paciência, com resultados menos trágicos do que se poderia supor. Ou mais, dependendo do ponto de vista. É que o aplaudido dramaturgo blá blá blá parece ser mágico. O protagonista até tenta matá-lo e tudo, mas nada parece conseguir afastar de si aquela peste.
Sabem aquelas moscas chatíssimas do fim do verão? É mais ou menos isso.
Se não fosse o tom ligeiro, este conto até podia ser de horror. Mas não, é um conto fantástico, sarcástico, que goza despudoradamente com um certo tipo de intelectual armado aos cágados e mais ou menos medíocre, e até, quiçá, com a própria natureza do divino. Não sendo propriamente uma obra-prima (não gostei particularmente dos diálogos, por exemplo — achei-os um pouco forçados. Não tanto como por vezes acontece em textos portugueses, mas um pouco), parece-me um bom conto e é um conto divertido.
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