sábado, 16 de junho de 2012

Lido: A Aparição das Trevas

A Aparição das Trevas (bib.), noveleta de horror de H. P. Lovecraft, surpreendeu-me pela positiva. Não sei se por intermédio de uma tradução capaz de limpar a prosa de Lovecraft daquilo que ela tem de pior, se por, no fim da vida e da carreira, o autor americano ter finalmente aprendido a escrever sem sobrecarregar o texto de adjetivos e advérbios, o facto é que não vi aqui aquela verdadeira selva palavrosa que normalmente faz com que me seja tão penoso ler a prosa do senhor Howard Phillips. E isso é ótimo, porque, despida desse peso, a história consegue vir ao de cima.

Trata-se de um conto do Cthulhu Mythos, embora isso só se torne inteiramente claro no fim, apesar de todo o texto mostrar sinais. O fulcro da história é uma estranha igreja abandonada em Providence, Rhode Island, e a não menos estranha morte de um tal Robert Blake, escritor, pintor, e estudioso de mitos e lendas. Isto é-nos dito logo no início, de modo que nem sequer se pode dizer propriamente que o conto é previsível. Sim, não só o conto começa logo com a revelação de que Robert Blake está morto, como quem conheça alguma coisa de Lovecraft depressa adivinha o que se passa na tal igreja; os sinais estão todos lá. Mas apesar disso a história consegue sustentar o interesse.

E eu, que geralmente acho Lovecraft ilegível, gostei. Mais: parece-me que este é um dos melhores contos do livro. E vivam as surpresas agradáveis.

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