Uma Obra de Arte (bib.) é um muito melómano conto de ficção científica de James Blish. Algures no futuro, Richard Strauss (sim, o compositor alemão) desperta para uma pós-vida que o confunde, recordando-se de estar a morrer, e depressa toma conhecimento com Barkun Kris, escultor de mentes, o qual lhe explica que de facto está morto mas a sua personalidade foi como que enxertada num novo corpo. Depois desta introdução, o conto prossegue descrevendo as surpresas com que Strauss depara no fantástico mundo do seu futuro e a sua luta por regressar à atividade nesse futuro em que por vezes parece não ter lugar. E isto com grande riqueza de pormenores musicológicos que me deixaram aqui e ali um pouco perdido mas contribuem sobremaneira para emprestar credibilidade à história. No fim, Strauss tem uma última e grande surpresa... maior, aliás, que a do leitor.
Gostei muito deste conto, apesar da tradução "à Argonauta". Está muito bem concebido, e combina de forma quase exemplar a exploração da mentalidade obsessiva do compositor no ato de criação com a ficção científica, género que não é conhecido pela sofisticação de caracterização das suas personagens. Muito bom.
Conto anterior desta publicação:
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