Sean F. Lynch é mais um autor presente nesta antologia com um só conto
The Cave. Trata-se de uma história de fantasia, ou talvez de horror, sobre um pai e um filho que um belo dia decidem ir em busca de uma gruta de que falava um velho prospetor que lhes aparecera na aldeia a contar histórias em que ninguém acreditava. Eles, no entanto, ficaram com algumas dúvidas. Daí a decisão e, com ela tomada, lá vão eles, acabando mesmo por deparar com a gruta, que decidem explorar.
Mas a gruta é mágica e os dois perdem-se lá dentro, passando aquilo que lhes parece uma eternidade à procura da saída sem nunca a encontrarem. O rapaz cresce e torna-se homem; o pai envelhece. E de saída nem sinal.
O conto está bastante bem escrito e bastante bem estruturado, de uma forma não linear, tem uma forma gentil de mostrar a dinâmica carinhosa da relação entre pai e filho, mesmo maculada por sentimentos de culpa e pelo desespero, mas aquilo que me despertou maior interesse foi um certo caráter folclórico que nele transparece, como se este conto pouco mais fosse, no fundo, do que uma velha lenda popular, contada durante séculos, de boca em boca, em alguma zona rural remota e não identificada, agora recuperada e desenvolvida por Sean Lynch para se metamorfosear nesta história contemporânea. Por outras palavras: há neste conto qualquer coisa de genuíno, de conto tradicional em versão literária. E isso, nesta altura da minha vida de leitor, interessa-me particularmente.
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