O Caminheiro é uma história de Leopold von Sacher-Masoch, sim, esse mesmo Masoch, que devia ser de leitura obrigatória para quem gosta de usar o adjetivo panfletário para tentar denegrir histórias com princípio, meio, fim, enredo, enfim, essas coisas de que se faz a ficção. É que esta, sim, é uma história panfletária. Sem enredo propriamente dito, quase se limitando a uma longa arenga do caminheiro a que o título se refere, esta história explana, de forma claramente abonatória, as ideias básicas que estão subjacentes à seita dos caminheiros, uma seita da ortodoxia russa que defende ideias muito peculiares sobre a sociedade e a vida, levando os crentes ao nomadismo e ao eremitismo.
O que passa por enredo limita-se a duas páginas usadas para situar o leitor no ambiente, antes do encontro com o caminheiro, e depois algumas linhas no fim, depois deste se ir embora, quando o narrador, impressionado, semi-convertido, fica a matutar. O resto é uma longa descrição dos males do mundo. E, embora eu até concorde com a maioria dos reparos do caminheiro, achei que ler esta história foi um ato quase... masoquista. Quase. Sê-lo-ia mesmo se ela fosse mais longa.
Vamos combinar uma coisa? Panfletário é isto. O resto é ficção com conteúdo. Pode ser?
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