Pierre-Auguste Renoir, Meu Pai é um livro sobre a vida (principalmente) e a obra (bastante menos) do pintor conhecido apenas como Renoir, escrito pelo filho, Jean Renoir, conhecido por mérito próprio como cineasta e que aqui demonstra também um talento considerável para escrever.
Como já escrevi algures mais para trás, não sou grande fã de biografias. Li algumas, mas o panegírico do grande homem (ou o ataque às suas falhas de caráter no caso de muitas das não autorizadas) a que elas tendem a resumir-se, enche-me de tédio. Por isso, depressa perdi o interesse pelo género, dedicando-me a outras leituras. Talvez tenha simplesmente calhado deparar inicialmente com algumas biografias más; bem sabemos que os primeiros contactos com um género formam, e muitas vezes deformam, a opinião que mais tarde teremos sobre ele. Talvez. Afinal, agora que passados muitos anos voltei a ler uma biografia gostei muito dela.
Por outro lado, talvez não. É que esta é uma biografia muito especial, um livro escrito por um filho sobre o seu pai. Interessa-se, portanto, menos pelo homem público do que pelo homem íntimo, aquele que nem os amigos especiais conhecem, só a família. Descreve-lhe a vida, as realizações, os sucessos, as deambulações e as frustrações, mas sem nunca perder a âncora do núcleo familiar. E é um ato de amor, puro e simples. O amor do filho pelo pai extravasa de cada linha, mesmo (ou sobretudo) quando se refere aos seus defeitos, às ideias ou atitudes com que talvez nem concorde. E além disso, não só Renoir foi uma pessoa interessante, como o livro está bastante bem escrito.
Vem na capa deste livro a seguinte citação do Sunday Times: «Tão delicioso quanto brilhante — uma obra-prima.» Eu olho sempre para estas citações com uma saudável dose de desconfiança: são escolhidas a dedo, por vezes inventadas, com a expressa intenção de vender mais livros. No entanto, desta vez concordo. Embora tenha de reconhecer que é possível que isso se deva em parte mais a mim do que ao livro propriamente dito, pois a relação pai-filho me toca num ponto sensível, a verdade é que achei mesmo o livro delicioso e brilhante.
Esta foi uma das maiores surpresas das minhas leituras no ano que passou.
E não posso dizer como este livro me veio parar às mãos: pura e simplesmente não me lembro, embora tenha a vaga ideia de o ter ganho num concurso.
Excelente livro sobre Pierre Auguste Renoir .Além de trazer detalhes sobre a vida dos seus amigos Manet, Monet, Cezane, Degas!
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