segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Lido: F de Foguete

Qualquer livro de contos que contenha clássicos absolutos, qualquer livro que contenha alguns dos melhores contos jamais escritos num determinado género, é imediatamente livro de recomendar absolutamente, sejam os restantes contos bons, medianos, maus ou até péssimos. Mais ainda quando, ao fazer-se a contabilidade final, se encontra um total de zero contos maus e vários clássicos absolutos.

F de Foguete (bibliografia) é, portanto, um livro altamente recomendável. Porque entre os seus 17 contos se contam algumas das melhores histórias que Ray Bradbury escreveu na sua longa carreira e, concomitantemente, alguns dos melhores contos de ficção científica que foram escritos até hoje. Um livro que contenha Um Som de Trovão, A Buzina da Neblina ou A Longa Chuva é um livro que deve ser lido, mesmo que os outros 14 contos que contém sejam fracos. E não são. Há alguns que são apenas medianos, mas a generalidade destas histórias encaixa-se em algum grau de bom ou de muito bom.

A maioria é também histórias de ficção científica, ainda que por vezes o sejam de uma forma muito "impura", com grandes misturas de fantasia ou horror. A maioria mas nem todas; algumas destas histórias nada têm de FC ou de qualquer outro ramo daquilo a que costuma chamar-se literatura fantástica: são histórias mainstream, muito americanas em essência e ambiente; curiosamente, ou talvez não, são também as mais desinteressantes, aquelas a que mais falta o rasgo imaginativo que tanto contribui para a experiência de leitura de Bradbury. São histórias brandas que, ao contrário das outras que podem também o ser mas incluem sempre algum tempero que lhes realce o sabor, têm muito de sensaborão, por mais bem escritas que possam estar. Se o livro fosse todo assim, seria dispensável. Bastante.

Mas não é. E por isso só não digo que é um livro indispensável porque os melhores contos que contém estão também disponíveis noutras publicações, sejam também coletâneas do autor, sejam antologias de grandes histórias de ficção científica do século XX. Os clássicos tendem a aparecer assim, um pouco por todo o lado.

Eis o que achei dos contos individualmente considerados:

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