sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Lido: O Passarão Invisível

Em pleno ambiente de realismo mágico, O Passarão Invisível é mais um conto de Alexandra Pereira desprovido de dedicatórias que conta, numa prosa muito poética (sim, mais do que é costume) uma história rural sobre duas mulheres, uma que não se via e a outra que "pouco se destrinçava nas suas formas do contorno da serra ou do recorte dos montes", e com esta citação já deverão compreender na perfeição quão poética é aqui a prosa.

Como está bom de ver-se, ou de não se ver, mais propriamente, sendo as mulheres assim invisíveis difícil se lhes torna a tarefa de arranjar homem, e as duas páginas desta vinheta contam a forma como e com quem por fim esse desidério se viu coroado de êxito para uma delas e deu frutos.

Não sendo eu grande fã da prosa poética, que tendo a achar muito cansativa quando os textos ultrapassam uma certa dimensão e os autores põem a forma muito à frente do conteúdo, como fazem quase sempre, não deixo de gostar de ler histórias curtas assim escritas, desde que nelas exista realmente uma história. Curtas como esta: uma página, duas, no máximo três, salvo se o autor é realmente muito, muito bom naquilo que faz. Não creio que Alexandra Pereira seja assim tão boa, mas esta história, com as suas duas páginas, tem a dimensão certa para o que conta. Nada a contestar.

Contos anteriores deste livro:

Sem comentários:

Enviar um comentário

Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de idiotas. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.