Cinco páginas, para aquilo que é habitual nestes contos de Alexandra Pereira, é um texto particularmente extenso, este com o título aparentemente enganador de Um Tuaregue e Dois Cavalos. Não há aqui tuaregues nem cavalos, salvo em sentido figurado; conta-se uma história de emigração, aparentemente clandestina, não se percebe bem se de regresso aos anos da ditadura salazarenta em que a sobrevivência dependia tantas vezes de passar a salto a fronteira, numa primeira etapa que levava o fugido a Espanha em viagem que só muito raramente aí terminava, pois a Europa livre ficava mais longe, se avançando para um futuro indeterminado em que essa necessidade de novo se faz premente. E é inteiramente possível que essa indefinição só exista na minha cabeça, sempre em busca de futuros prováveis, ao contrário das dos outros, que se contentam com passados.
Seja como for, isso pouco importa para o conto em si, que é sobretudo uma longa (longa, entenda-se, para o que é hábito na autora) divagação sobre o que é isto de ser português, sobre nacionalismo ou sua ausência, sobre raízes e a vontade de as arrancar; que o ambiente pidesco a pairar ao fundo seja passado concreto ou futuro eventual nada altera sobre coisa alguma no que ao conto diz respeito. Este está bem escrito e é eficaz, apesar de uma certa tendência para a divagação ensaística que o piora. Em suma: razoável.
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