sábado, 25 de dezembro de 2021

Irmãos Grimm: A Papa Doce

Os contos mais conhecidos dos Irmãos Grimm tendem a ser bastante bem desenvolvidos, quer tenham vindo já assim da tradição oral, quer esse desenvolvimento tenha tido a mãozinha dos próprios. Mas neste livro encontram-se alguns contos que são o oposto disso: historinhas muito simples e muito curtas que por vezes parecem pouco passar de ideias à espera de alguém que as desenvolva. Este A Papa Doce é um desses contos.

Com menos de uma página, conta a história de uma família pobre cuja filha recebe de presente de uma velha na floresta (os Grimm não lhe chamam bruxa, mas tem todo o ar de o ser, ainda que não seja das más) uma panela mágica. A panela é uma espécie de variante da cornucópia da mitologia grega (ainda que, como os Grimm demonstram na nota anexada ao conto, o mito seja mais antigo e de origem mais obscura): basta ordenar-lhe que cozinhe e ela desata a produzir papas sem fim até que alguém lhe ordene que pare. Convém é saber o que dizer, e a história termina narrando em rápidas pinceladas o que acontece num dia em que a filha se ausenta deixando a mãe sozinha em casa com a panela, uma vez que esta sabe mandar a panela fazer papas mas não sabe como a fazer parar.

Não é uma história particularmente interessante no que toca à literatura, mas as ligações com outros objetos de plenitude espalhados pelas histórias de outros povos conferem-lhe algum interesse etnográfico.

Contos anteriores deste livro:

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