Sim, sim, sim, não muda nada: Alexandra Pereira lá aparece com mais um conto antecedido de dedicatória a alguém famoso, desta vez alguém que até pode ser que a leia um dia: o Ondjaki. Ainda que, incongruentemente, o Ondjaki seja angolano e o conto seja caboverdiano até à medula. Coisas.
E além de caboverdiano é realista, pesem embora algumas piscadelas de olho ao realismo mágico, que no entanto caem mais na conta da poetização da prosa do que na da entrada do fantástico enredo dentro. O final em aberto deixou-me insatisfeito (algumas histórias percebe-se bem por que motivo são deixadas em aberto; outras, porém, mais parece terem ficado assim por se ter esgotado aos autores o que dizer, e é o caso desta), mas o conto não é mau. Descreve as vivências de um tal Mané, tocador de violão e bon-vivant, desde a infância pobre em Cabo Verde até à descoberta do mundo e à chegada a porto seguro em Portugal. E fá-lo com uma prosa de boa qualidade, aqui e ali com uns achados muito bem conseguidos, entre a poesia e a ironia, ou não se camasse a obra A Groselha que Pariu um Rato Ou O Violãotista Mimado. Mas, em parte devido àquele final inconclusivo, acabei a leitura com aquela sensação de "OK, e daí?" que faz com que também não possa achar este conto bom. Pariu um rato, realmente. É, assumo, questão de gosto pessoal. O conto até tem conteúdo, não é daquelas histórias que se esgotam na forma... mas a verdade é que esta predomina demasiado para o meu palato literário.
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