Como já temos visto várias vezes por aqui, no mundo dos contos tradicionais existem famílias inteiras deles, provavelmente geradas por derivação ou influências mútuas, em que se repetem temas, enredos e até personagens. Uma dessas famílias mete homens espertos, bons ou corajosos e as princesas que eles poderão desposar caso ultrapassem uma espécie qualquer de teste. Adolfo Coelho inclui no seu livro de contos populares mais do que uma história dessas. E este continho de duas páginas intitulado As Três Lebres é uma delas.
Curiosamente, tem a particularidade de ser um conto realista. O aldeão que procura a mão da princesa por meio de uma adivinha não se serve de magia ou encantamentos, mas apenas da esperteza e de uma dose muito razoável de marotice e desonestidade, só lhe correndo bem as coisas porque a princesa mostra para com ele o mesmíssimo grau de marotice e desonestidade. É que ela lhe manda ao quarto onde está alojado três aias em três noites consecutivas, a fim de descobrir as respostas da adivinha. E descobre. Mas ele não oferece as respostas de forma gratuita, antes as troca pelas saias das aias, o que lhe vai fornece material de chantagem que usa com grande proveito pessoal: entre o escândalo e o casamento com o espertalhão do aldeão, a princesa escolhe o casamento.
Historinha instrutiva, sem dúvida.
Contos anteriores deste livro:
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