Histórias de invasões alienígenas por intermédio do controlo de corpos estão muito longe de ser algo de novo (Invasion of the Body Snatchers anyone?). Muito longe. Mas a verdade é que quaisquer clichés até podem resultar em histórias interessantes se forem bem explorados. Infelizmente, o que Marcelo Bighetti faz em Invasão Retomada é precisamente o contrário de explorar bem o cliché.
Diga-se em seu abono que ele reconhece que a ideia nada tem de original numa nota em que dá por ela crédito a um conto de autora brasileira, do qual se lembra do título mas não da autora, tendo sobre esta apenas a ideia de que se trata de uma mulher. Mas isso só torna o autor honesto, não torna o conto bom. Coisa que está muito, muito longe de ser.
Não por estarmos perante o batidíssimo enredo de invasão por controlo da mente e/ou do corpo, que até podia aqui ter uma variante interessante com a bastante menos batida (mas nem por isso muito original) ideia de que esse controlo é problemático por causar quase sempre doenças aos hospedeiros, mas porque o conto gasta quase toda a sua página e picos a descrever os sintomas das doenças que os ETs vão provocar aos pobres coitados que apanham com eles em cima. Sim, é isso o conto. Isso e um infodump a descrever o cenário de base. Mais nada.
Mas que interesse poderá ter, seja quem for que pretenda ler literatura e não um manual médico, numa relação de sintomas de doenças reais?! Julgará Bighetti que é assim que se escreve FC hard? Se julga, tenho uma notícia para lhe dar: não é. A FC hard parte do que se conhece e desenvolve um enredo exterior ao jargão científico, servindo-se deste apenas para lhe conferir sustentabilidade e verosimilhança e com conta, peso e medida. Não se limita a transcrever parágrafos de um manual. E quando ainda por cima a qualidade do português não é propriamente elevada...
... o resultado é um péssimo conto. Nas calmas o pior que li este ano até ao momento.
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