A esmagadora maioria dos textos deste livro de Luiz Bras vagueia por territórios fronteiriços entre a ficção científica e uma espécie de fantástico fortemente inspirado por Borges, ocasionalmente com pitadas de outras coisas. Mas Mea-Culpa não. Mea-Culpa é um conto/poema furioso que ataca com violência a classe política brasileira, reduzida a um monte de chupamerdas e comebostas. Só uma frase parece arrancar este texto a um ataque inteiramente opinativo e realista à classe política de Brasília, na qual o protagonista confessa ter aceitado subornos na "regulamentação do uso da brain-net". Uma frase? Uma palavra, isso sim: brain-net. E bastará um termo ciencioficcional para transformar este texto em FC? Não creio. Mas basta para o pôr na fronteira.
Se é bom? Não, não julgo que seja. Como desabafo está ótimo, mas como literatura Bras tem muito melhor.
Textos anteriores deste livro:
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