Captive Girl é um brilhante conto de ficção científica de Jennifer Pelland sobre... bem, talvez seja melhor começar de outra forma.
Estamos numa colónia humana, a primeira, num planeta extrasolar. Anos antes do presente ficcional, a colónia foi atacada por misteriosos alienígenas. Ou talvez não. Não se sabe bem. O facto é que algo caiu sobre a colónia, causando morte e destruição, e como consequência foi instituído um programa de vigilância centrado em jovens cirurgicamente fundidas com maquinaria e presas a essa maquinaria. Ciborgues, totalmente dedicados à função, totalmente dependentes dos cuidados de terceiros para a satisfação das suas necessidades mais básicas. E apenas três, sempre à beira da loucura.
A protagonista, a rapariga cativa a que o título se refere, é um desses ciborgues. E está apaixonada pela mulher que dela cuida... mas ao contrário de outras histórias em que as paixões de humanos alterados ficam sem resposta, aqui ela é concretizada, pois a cuidadora tem um fetiche por ciborgues.
E é então que rebenta um escândalo, o projeto se vê cancelado, e as raparigas cativas são libertadas das máquinas que as prendem e postas nas mãos dos médicos que voltam a transformá-las, na medida do possível, em seres humanos razoavelmente normais. O que vai confrontar a protagonista com a natureza da amante. E consigo própria, com os seus desejos, com as suas ambições, com o seu passado e com o seu futuro.
Sim, trata-se de uma história de amor em circunstâncias invulgares como só a ficção científica permite. E trata-se de uma história de amor muitíssimo bem concebida e executada, que explora alguns dos mais profundos limites da humanidade e do desejo. Excelente.
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