The Pleasure Garden of Felipe Sagittarius é um conto de Michael Moorcock que pode ser visto como weird fiction, ainda que nesta questão das categorizações haja sempre polémicas. É, sobretudo, um conto bizarro. Num ambiente policial mas surreal, há elementos de ficção científica, fantasia, história alternativa e outros subgéneros mais esotéricos, numa mistura que apesar de tudo é coerente dentro das regras que estabelece para si próprio. E é precisamente este o segredo.
Um tal Sam Begg, Investigador Metatemporal, tem a tarefa de resolver um homicídio ocorrido numa Berlim arruinada não se chega a perceber porquê. Detalhe de toda a relevância: o corpo foi encontrado nos jardins de um tal Bismark, Chefe da Polícia. Detalhe com menos relevância: o morto tinha pulmões de papel, artefacto que parece não ser comum na Alemanha. Detalhe que acaba por ter mais relevância do que à primeira vista pode parecer: Begg vai ser auxiliado na sua tarefa por um Capitão dos Detetives à Paisana da polícia, um homem de bom coração ainda que com uma certa propensão para não gostar de judeus, chamado Adolf Hitler. E o conto segue por aí fora, reviravolta atrás de reviravolta, com Eva Braun, traições e plantas carnívoras à mistura.
É um conto adequadamente alucinatório para aquilo que Moorcock obviamente pretende (numa palavra: subverter). Acho até que é um conto muito bom. Mas, ao lê-lo, senti o mesmo que senti ao ler Mervyn Peake: OK, tudo isto é muito engraçado, mas e daí? Espremida toda esta exuberância imaginativa, que retiro eu desta história? E a resposta é: pouco, muito pouco. Fica a subversão literária. Algum entretenimento. Mas o entretenimento sempre foi para mim fator secundário na apreciação do que leio e quanto à subversão literária... terá ela, reduzida a si mesma, realmente algum interesse intrínseco?
Não sei bem. E é também isso o que acabo por achar deste conto: não sei bem se gostei ou não.
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