A Pedra Preta é outro dos contos que Mário de Carvalho ambientou no seu bizarro Beco das Sardinheiras. Neste, um cheiro a gás atraiu o respetivo piquete, que depois de abrir o sacrossanto buraco não tardou a achar a causa do problema: uma pedra preta que, apesar de pequena, por mais que tentassem, por mais potentes os músculos e a maquinaria, ninguém conseguia mover tamanho era o peso. Até que um puto de calções e eventualmente ranhoso decide armar-se aos cágados, salta para dentro do buraco e... pega na pedra como se nada fosse. E segue-se o desenlace, carregadinho de ironia.
É outro conto divertido, bem escrito, com um magnífico uso do falar popular que bom seria que certos escritores e candidatos a tal coisa estudassem com atenção para ver se conseguiam evitar os diálogos ridículos que tantas vezes apresentam. Um conto claramente fantástico, cheio de ironia, e que se ajustaria como uma luva ao Infinitamente Improvável. Gostei, sim senhor.
Textos anteriores deste livro:
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.