O Monstro (bibliografia) é um conto de ficção científica de A. E. Van Vogt datado da golden age (1948) e que apresenta um dos mais duradouros clichés do género: o bug eyed monster (expressão que há quem traduza para "monstro de olhos esbugalhados", mas na verdade significa "monstro de olhos de inseto"). É um conto, há que dizê-lo, bastante mau. Colado com cuspo, e talvez mal traduzido (parece-me notar vários casos da síndrome "tradutor que não percebeu o que acabou de ler e faz o melhor possível com base nessa incompreensão), é daqueles contos de FC que nos procuram ver pelos olhos do Outro, sendo o Outro desta vez uma raça de alienígenas agressivos que se vão expandindo pela galáxia, devastando um planeta após outro a fim de os preparar para serem colonizados. E, claro, chegam à Terra.
Mas depois fazem uma magia tecnológica qualquer com as células dos derrotados (ou de mortos antigos; múmias e coisas do género), devolvendo-os brevemente à vida, não se chega a perceber bem para quê. Devolvendo-os à vida por inteiro, note-se, com as ideias, as memórias, as atitudes que tinham no momento da morte. Até depararem com o Monstro.
O Monstro é um de nós, e é isso que o conto tem de mais interessante. O problema é ser um de nós à maneira da golden age: intrépido herói, dotado de capacidades sobre-humanas de entendimento e desenrascanço, que se enfia ousadamente atrás das linhas adversárias (de uma espécie, note-se, tão mais avançada tecnologicamente do que nós como nós do que as formigas) e frustrando os planos aos alienígenas candidatos a invasores. E soam fanfarras: PARI-PARAAA!
Que nada daquilo faça grande sentido é secundário. Infelizmente.
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