Umas Férias na Lua (bibliografia) é uma noveleta de Arthur C. Clarke que se afasta do tema que tem sido habitual neste livro — a primeira viagem à Lua — para levar o leitor a um ponto mais avançado, no qual já existem as primeiras bases permanentes no nosso satélite. À semelhança do que acontece na Antártida no mundo real, trata-se de bases científicas. Tempos houve em que se sonhou que seria esse o passo lógico a dar após o programa Apollo, mas como todos sabemos tal não aconteceu. E esta história continua ainda hoje, meio século depois de ser escrita, a ser pura ficção científica.
E é bastante mais interessante do que todos os contos anteriores por isso mesmo: por apresentar um futuro que (ainda?) não aconteceu. Mas não só: a abordagem que Clarke faz, as personagens que usa como protagonistas, dão à sua história uma vida que as anteriores, centradas nos surradíssimos clichés do cientista/financeiro obcecado ou do aventureiro disposto a tudo, não têm. Aqui, os protagonistas são a família de um astrónomo colocado numa base lunar que, tendo prescindido de uma licença para vir à Terra por causa de uma descoberta rara que o leva a não poder abandonar o trabalho, decide trazer a família até à Lua. É através dos olhos desta, em particular da filha, adolescente, que toda a maravilha do trabalho do pai e, por extensão, da ciência, da tecnologia e da conquista espacial, é transmitida ao leitor. A história é basicamente a de uma visita guiada, das férias a que o título faz referência, mas o que lhe subjaz é uma defesa arrebatada da conquista do espaço.
É daquelas histórias repletas do sentido de maravilha de que tantas vezes se fala quando se tenta definir a ficção científica. Ou a boa FC, pelo menos. E esta é uma bela noveleta de FC.
Textos anteriores deste livro:
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.