O Pinto Borrachudo é um continho popular que entra mais claramente do que a maior parte dos outros no território do conto infantil, ainda que dos dotados de características que por um lado são algo perturbadoras e por outro são bem subversivas.
O pinto do título começa por encontrar uma bolsa de moedas enquanto anda a esgravatar e decide levá-la ao rei. Para o fazer, ultrapassa todos os obstáculos que lhe saem ao caminho engolindo-os (no mundo do maravilhoso as limitações volumétricas dos estômagos não são problema). Ao chegar ao palácio do rei as coisas não correm exatamente de feição, mas o pinto não está com meias medidas e regurgita o que foi engolindo, causando com isso um sem fim de problemas até que por fim lá lhe dão o que queria.
De novo, há aqui algo de lengalenga e, mais interessante do que isso, de novo há um humilde, neste caso um mero pinto, a fazer frente com vantagem aos poderosos deste mundo. Não sei se fruto da seleção de Adolfo Coelho ou não (mas provavelmente não), esta velha literatura popular está carregadinha de subversão. Muito curioso.
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