Pierre Menard, Autor do Quixote é um daqueles contos de Jorge Luiz Borges que falsificam a realidade. Neste caso, estamos perante uma biografia falsa, a de um tal Pierre Menard, romancista, aparentemente francês, que, no meio de intensa atividade literária, em parte visível, em parte invisível, terá embarcado num projeto muito sui-generis: o de escrever o clássico de Cervantes. Não, não se trata aqui de reescrever nem de copiar. Nada de pastiches ou homenagens. Nem estamos perante um viajante no tempo. Menard pretendia tão só escrever a obra de Cervantes, tal e qual como o original, palavra por palavra, refazendo originalmente o já feito.
Borges conta a história em forma ensaística, logo sisudíssima, e altamente elogiosa do empreendimento literário a que se dedica o protagonista, o que muito contribui para tornar o conto muitíssimo divertido, amplificando o absurdo da ideia com o absurdo da prosa.
Não há dúvida: Borges é Borges, único e irrepetível. Já li vários textos deste género, cometidos por outros autores; ao lado deste não passam de pálidas sombras.
Conto anterior deste livro:
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