João Esperto é a criaturinha mais idiota que já me passou pelo raio de visão, incluindo neste tanto a vida real como toda a espécie de irrealidades artísticas. E o conto, que desta vez parece não ter sido muito alterado pelos Irmãos Grimm, não é muito melhor. Basicamente uma lengalenga, na qual o João Esperto vai recebendo presente atrás de presente da candidata a noiva (e a paciência que a mulher teve; também não podia bater lá muito bem) disparatando em seguida com todos, sem exceção, é uma historinha muito parva que, curiosamente, parece ter um certo parentesco com a história portuguesa que li imediatamente antes, incluindo o facto de também não haver nesta história nada do típico maravilhoso das histórias populares, a menos que se considere que tamanha estupidez cai no insólito. Pura coincidência, mas engraçado.
A história baseia-se em diálogos, intercalados por curtíssimos parágrafos narrativos onde o protagonista disparata, e o mais interessante nesta história é a nota que (como sempre) lhe sucede, na qual os Grimm republicam um conto semelhante mas bastante mais elaborado, encontrado num livro de outro autor. Também é curiosa a extrema economia de meios narrativos, idêntica à que se encontra na maioria dos contos recolhidos em Portugal pelo Afonso Coelho, o que sugere que não se trata propriamente de defeito dos nossos contos, mas de feitio de (quase) todos.
Contos anteriores deste livro:
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