quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Em julho falou-se de...

E cá está, atrasada como já estava previsto, a lista de obras de ficção científica (ou com alguma coisa a ver com o género) que receberam atenção durante o mês de julho. É mais um dos posts que estão reunidos sob a tag de leituras fc e se referem ao material compilado no Ficção Científica Literária. Mais informações sobre o que isto é, qual a sua metodologia, objetivos e limitações podem ser encontradas aqui, como quem costuma visitar a Lâmpada já deve começar a estar farto de saber, mas como aparecem sempre por aí uns novos, que talvez fiquem confusos sem ela, esta notazinha tem de vir sempre a abrir.

E como sempre, seguem as listas já a seguir e há alguns comentários no fim deste post.

Ficção portuguesa:
  1. O Homem Domesticado, de Nuno Gomes Garcia
  2. Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago
  3. História do Cerco de Lisboa, de José Saramago

Ficção brasileira:
  1. Espelho dos Olhos, de Nicolas Catalano
  2. Shiroma: Matadora Ciborgue, de Roberto de Sousa Causo
  3. Uma História de Ouro e Sangue, de Manuel Filho
  4. Tempo Incerto, de Mauro Franco
  5. O Presidente Negro, de Monteiro Lobato
  6. Guerra Justa, de Carlos Orsi
  7. O Orangotango Marxista, de Marcelo Rubens Paiva
  8. Diário 2116, de Bruno H. S.
  9. As Quimeras da Guerra, de Ricardo A. S. Santos
  10. B9, de Simone Saueressig
  11. Paris-Brest, de Alexandre Staut

Ficção internacional:
  1. Steampunk Internacional, org. ?? (inclui contos portugueses)
  2. O Guia do Mochileiro da Galáxia, de Douglas Adams
  3. Guerra Americana, de Omar El Akkad
  4. O Poder, de Naomi Alderman
  5. Eu, Robô, de Isaac Asimov
  6. Fundação, de Isaac Asimov
  7. Fundação e Império, de Isaac Asimov
  8. Farenheit 451, de Ray Bradbury (3x)
  9. A Parábola do Semeador, de Octavia E. Butler (3x)
  10. Kindred: Laços de Sangue, de Octavia E. Butler
  11. Poeira Lunar, de Arthur C. Clarke (2x)
  12. Transiência, de Arthur C. Clarke (conto)
  13. Jogador nº 1, de Ernest Cline
  14. A Seleção, de Kiera Cass
  15. O Sol Caiu, de C. J. Cherryh
  16. Dark Matter, de Blake Crouch
  17. Do Androids Dream of Electric Sheep?, de Philip K. Dick
  18. O Tempo Desconjuntado, de Philip K. Dick
  19. Sonhos Elétricos, de Philip K. Dick
  20. Um Planeta no seu Giro Veloz, de Madeleine l'Engle (2x)
  21. Um Vento à Porta, de Madeleine l'Engle
  22. Uma Dobra no Tempo, de Madeleine l'Engle
  23. Os Últimos Jedi, de Jason Fry
  24. Um Sopro de Neve e Cinzas, de Diana Gabaldon
  25. Terra das Mulheres, de Charlotte Perkins Gilman
  26. A Mão Esquerda da Escuridão, de Ursula K. Le Guin
  27. Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley (2x)
  28. Flores Para Algernon, de Daniel Keyes (2x)
  29. A Incendiária, de Stephen King (2x)
  30. Solaris, de Stanislaw Lem
  31. Death's End, de Cixin Liu
  32. O Problema dos Três Corpos, de Cixin Liu
  33. The Dark Forest, de Cixin Liu
  34. A Noite dos Humanos, de David Llwellyn
  35. Sou o Número Quatro, de Pittacus Lore
  36. Warcross, de Marie Lu
  37. O Corpo Dela e Outras Partes, de Carmen Maria Machado
  38. A Ilusão do Tempo, de Andri Snær Magnason
  39. LoveStar, de Andri Snær Magnason
  40. Santuário dos Ventos, de George R. R. Martin e Lisa Tuttle
  41. O Milésimo Andar, de Katharine McGee
  42. Cinder, de Marissa Meyer
  43. Cress, de Marissa Meyer
  44. Scarlet, de Marissa Meyer
  45. Winter, de Marissa Meyer
  46. A Cidade & A Cidade, de China Miéville
  47. Os Seis Finalistas, de Alexandra Monir (2x)
  48. Utopia, de Thomas More
  49. Carbono Alterado, de Richard Morgan
  50. 1984, de George Orwell
  51. A Darkling Plain, de Philip Reeve
  52. Infernal Devices, de Philip Reeve
  53. Máquinas Mortais, de Philip Reeve
  54. Predator's Gold, de Philip Reeve
  55. Felicidade Para Humanos, de P. Z. Reizin
  56. Green Mars, de Kim Stanley Robinson
  57. Tormenta de Fogo, de Brandon Sanderson
  58. Encarcerados, de John Scalzi
  59. A Nuvem, de Neal Shusterman (2x)
  60. O Homem Invisível, de Robert Silverberg (conto)
  61. Abandonados em Andrômeda, de Clark Ashton Smith (conto)
  62. Piquenique na Estrada, de Arkádi e Boris Strugátski
  63. Guerra: E se Fosse Aqui?, de Janne Teller (conto)
  64. A Ilha Misteriosa, de Jules Verne
  65. A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Jules Verne
  66. Vinte Mil Léguas Submarinas, de Jules Verne
  67. Matadouro 5, de Kurt Vonnegut
  68. A Máquina do Tempo, de H. G. Wells (2x)
  69. Os Caminhos Para a Liberdade, de Colson Whitehead
  70. Quando a Luz se Apaga, de Nick Clark Windo (2x)
  71. O Templo do Passado, de Stefan Wul
  72. A 5ª Onda, de Rick Yancey

Não-ficção internacional:
  1. A Verdadeira História da Ficção Científica, de Adam Roberts (3x)
  2. A Cruzada Mascarada, de Glen Weldon
  3. Damn Fine Story, de Chuck Wendig

Em geral, os números diminuiram um pouco em relação ao mês anterior. Será em parte fruto do verão setentrional e das férias que vêm com ele, as quais terão diminuído ainda mais a já habitualmente fraca componente portuguesa destas listas, mas em parte foi culpa minha. Por duas vias: por um lado, não publiquei rigorosamente nada ao longo de todo o mês de julho, quando em junho ainda tinha publicado algumas — poucas — coisas, e por outro lado a intensidade do trabalho que me levou a interromper a atividade na Lâmpada também me levou a algumas interrupções no trabalho no Ficção Científica Literária, o que fez com que tivesse chegado a agosto com um atraso de vários dias no material que lá ia sendo divulgado. Esse material atrasado, que deveria constar destas listas de julho, só virá a aparecer nas de agosto.

Mesmo assim, dá para ver que as tendências de junho se mantiveram inalteradas em julho. O material brasileiro continua a aparecer em quantidade aceitável, embora menor, ao passo que no português continua a habitual miséria franciscana. Dois livros do Saramago, um dos quais só com boa vontade se relaciona com a história alternativa, e uma distopia de outro autor, são pouquíssimo para um mês inteiro de leituras, mesmo que a este número haja que acrescentar uma antologia de organização internacional (e com preponderância de material estrangeiro, motivo pelo qual foi integrada na ficção internacional) que inclui material português. Enquanto a lista de material português não passar dos 10 por mês, como acontece regularmente com o brasileiro, não ficarei satisfeito.

Também será relevante notar que o mundinho de pessoas que se afirmam ligadas à ficção científica portuguesa só não produziu neste mês um rotundo zero por causa da tal antologia. Nem os restantes autores mencionados têm alguma coisa a ver com o fandom, nem as opiniões aos restantes livros vieram do fandom tal como ele é geralmente encarado.

E no mês anterior foi a mesmíssima coisa. (Provavelmente: não sei bem se a Raquel Pereira, responsável pelas opiniões sobre os livros da Ana Cláudia Dâmaso, tem ou não alguma ligação ao dito-cujo fandom. Julgo que não, mas não garanto.)

Eloquente?

Quanto ao material internacional, desta feita não temos nenhum autor a ser alvo de 5 ou mais opiniões. O máximo é quatro, alcançadas por Octavia Butler (com dois livros), Madeleine l'Engle (com três livros), Marissa Meyer (com quatro livros) e Philip Reeve (também com quatro livros). Talvez também tenha interesse sublinhar que estes últimos três correspondem à leitura de séries, o que não se passa com Octavia Butler nem, no mês anterior, com Dick e Scalzi. Segundo a minha experiência, um autor que consegue sustentar um público sem recorrer (pelo menos em exclusivo) ao estratagema das séries é um autor a ter mais em conta do que o oposto, pois há uma fração dos leitores que podem gostar muito da série A ou B mas não é por isso que se vão predispor a ler outras coisas do mesmo autor, i. e., a existência de público para uma série não implica necessariamente que esse público exista também para o autor quando ele escreve coisas fora da série. Especialmente quando essas outras coisas pertencem a outros géneros. Vi muito disso, por exemplo, em fãs das Crónicas de Gelo e Fogo desapontados com os livros (ou os contos) de ficção científica ou horror do Martin.

E pronto, quanto a julho estamos conversados. Segue-se agosto e aí tentarei já não me atrasar. Mas sem garantias.

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