domingo, 26 de agosto de 2018

Lido: Amo-te Para Sempre

Há uma verdade, daquelas insofismáveis, daquelas verdades universais sem contestação possível, de que muito mais gente devia ter consciência: não é por alguém aparecer na televisão com maior ou menor regularidade que tem alguma coisa a dizer. Exemplo: o Fernando Alvim. O Fernando Alvim construiu uma carreira com base na rádio e na gandamaluquice temperada de romantismo, lançando pseudópodes para todos os lados, e fez ele muito bem. É um entrevistador competente, profissionalmente simpático, o que o levou a ter algum êxito em talk-shows e programas do género, e construiu uma persona pública, que parece ser genuína mas na verdade não tenho como saber até que ponto corresponde à realidade, que o tornou até certo ponto figura de um certo culto em certos setores. Certo. Mas nada disto implica que seja bom escritor. Ou até que o que ele escreve tenha algum interesse.

A ideia que quero exprimir acima pode ser resumida numa frase: não é por alguém ter algum destaque numa atividade que deve ter destaque em outras. E não é relevante se esse destaque é merecido ou não.

Amo-te Para Sempre é um conto escrito em parágrafo único, em modo de escrita torrencial, palavrosa, uma confissão de amor absoluto salpicada de piadolas na qual o Alvim se mostra igual a si mesmo: um gandamaluco temperado de romantismo. A persona pública está escarrapachada no texto, sem qualquer novidade, o que faz com que provavelmente aqueles que são fãs dessa persona gostem do conto, e aqueles para quem a persona é pelo menos indiferente não gostem. Como me incluo neste segundo grupo, creio que não será difícil perceber-se o que retirei da leitura do conto: sim, o português é correto, sim, há no conto um despretensiosismo, uma forma de manter coerência relativamente à personagem que o Alvim-figura-pública inevitavelmente será, e isso tem o seu apelo, mas no fundamental o texto deixou-me indiferente. É conto para ler, encolher ombros e esquecer.

Este ebook, como todos os desta coleção, foi distribuído gratuitamente.

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