quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Lido: Sortilégio, Feitiço e Magia

E de repente, sem que nada o anunciasse nem fizesse prever, eis que neste livro de Carina Portugal, depois de uma série de contos, surge um poema.

É frequente encontrar-se poemas nos romances de fantasia, para mal dos meus pecados de tradutor pois trazem sempre uma dificuldade acrescida à tradução. Sendo geralmente poemas bastante clássicos na sua estrutura, muitas vezes integrados no texto sob a forma de canções, têm o duplo objetivo de naturalizar ambientes mais ou menos festivos (é um pouco como se o leitor estivesse a ouvir a música que neles se toca) e remeter para o formato de poema épico de que a fantasia (especialmente a épica, claro) deriva em parte considerável. Não é necessário que sejam bons enquanto poemas, e geralmente não o são (o que sempre me facilita a vida, há que reconhecer); basta que resultem no contexto que lhes é próprio.

Este Sortilégio, Feitiço e Magia vai um pouco nessa linha. Composto por 18 sextilhas, conta uma história mágica, trágica e medieval sobre um cavaleiro que procura libertar a amada enfeitiçada. Resultaria perfeitamente bem no contexto de um romance de fantasia, talvez sob a forma de história ou canção contada ou cantada numa taberna ou à volta de uma fogueira. Mas isoladamente...

Isoladamente não me parece que resulte. Apesar da estrutura de versos ser rígida, a métrica parece ter sido encarada como coisa de somenos, as rimas são demasiadas vezes banais e a história é contada quase como se fosse prosa, sem grande subtileza. Tudo somado, pareceu-me um texto fraco. Não o pior do livro mas o segundo pior até ao momento.

Contos anteriores deste livro:

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