E pronto, lá vem outra vez a Carina Portugal trocar-me as voltas. Bastou-me expressar a opinião de que a prosa dela precisa de algum espaço para respirar, tinha logo de me aparecer a seguir um conto muito curto que, apesar disso, funciona a contento.
Claro, lá estão as tais fragilidades (os malfadados "instantes de segundo" ressurgem, por exemplo), mas Gula, conto que não será preciso nenhum Sherlock para deduzir que trata sobre o pecado da gula e é protagonizado por um tal Alug Odacep (leiam ao contrário, vá), é uma historinha simpática, em certo sentido, contada com algum humor mas também com bastante gore canibalístico. É que é essa a pulsão de que sofre o simpático Alug: pela ingestão de carne humana, que considera um autêntico maná celestial. E devorá-la-ia, se pudesse, vinte e quatro horas por dia. Mas não pode: está institucionalizado, o que não impede que a instituição o sacie de vez em quando com prostitutas.
Este é um conto genericamente bem feito, com bom ritmo, com um final surpresa tão arrepiante como é adequado a tema e ambiente. Dos tais contos a que só falta mesmo uma revisão competente para ficarem realmente bons. Há vários assim nesta primeira parte do livro.
Contos anteriores deste livro:
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