quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Lido: O Canto da Ninfa

E de repente, depois de muito horror, com mais ou menos humor, e de um conto de um fantástico mais puro, eis que Carina Portugal apresenta uma fantasia com elfos e ninfas. Não que o horror esteja dela ausente, entenda-se. De resto, até nos contos tradicionais, normalmente enquadrados dentro do maravilhoso e tantas vezes vistos como meras histórias para crianças, o horror costuma estar bem presente. Mas o tom dominante deste O Canto da Ninfa é de fantasia.

E como tal, tem uma vantagem: é diferente da maioria dos contos que o antecedem, o que o torna algo refrescante e afasta alguma monotonia temática que ameaçava instalar-se. No entanto esta vantagem é-o mais no contexto da publicação em que o conto se insere do que intrínseca ao conto propriamente dito.

Este não é mau, mas inclui elementos que não me agradaram particularmente. Conta uma história de amores súbitos e proibidos, o que de resto é comum em histórias com seres femininos aquáticos (ninfas e sereias, sobretudo) que parecem ter a lendária capacidade de enfeitiçar qualquer criatura do sexo masculino. Neste caso a vítima do feitiço é um elfo, que a páginas tantas se vê na iminência de se tornar vítima impotente não só de paixão súbita mas também de algo mais sério, e não revelarei mais porque a eficácia do conto depende da surpresa final.

O que não me agradou, além das fragilidades de que tenho falado bastante mas neste conto nem são muito óbvias, e da paixão instantânea que não é por ser "fruta da época" temática que me parece menos tola, foi ter sentido nele alguma insegurança no fluxo da narrativa, alguma falta de ritmo. Não me parece, portanto que este conto chegue ao nível dos melhores que aqui se incluem. Mas também está bastante acima de um Corpo, Alma e Coração, por exemplo.

Contos anteriores deste livro:

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