Tenho um problema com contos de natal, que se pode resumir numa frase: já li o conto Noite de Paz do Barreiros. Este conto natalício de ficção científica é um autêntico destruidor de histórias natalinas, pelo menos para mim, porque fez com que se me tornasse impossível ler contos com o Pai Natal como personagem sem me lembrar do alienígena infinitamente bonacheirão e maligno (sim, ao mesmo tempo) que ele aí cria.
Especialmente porque a maioria das outras histórias de natal não têm nada da iconoclastia e corrosiva ironia da do Barreiros, que é o que mais me agrada nela. Costumam ser histórias delicodoces, cheias de bons sentimentos e chavões mais ou menos cristãos que, não tendo nada de mal em si mesmos, já estão tão absolutamente surrados por milhares e milhares de histórias praticamente idênticas nos seus princípios básicos que só conseguem causar-me um enorme bocejo.
E com Frio, Cada Vez Mais Frio, Carina Portugal cria mais uma dessas histórias. Lá está o desgraçadinho, no caso uma orfãzinha hospitalizada, e claro que a história conta como essa desgraçadinha tem uma alegria natalícia, aqui por intermédio de um urso de peluche com vontade própria que se escapa do trenó do Pai Natal à revelia deste (o único elemento do conto com alguma originalidade). E o final é pura lamechice trágico-sentimentalona que, sim, já foi vista milhares de vezes em milhares de outras histórias. Bocejo.
O conto não é mau, entenda-se. É apenas banal. Fatalmente banal.
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