O Libertino Passeia por Braga é uma história de Luiz Pacheco, bastante típica da sua ficção (ou autoficção?), na qual ele, Pacheco, ou ele, personagem de que se mascara, anda por Braga no engate. No engate de gajas, no engate de gajos, não interessa, tudo o que à rede vem, peixe é. O excerto de quatro páginas que li descreve um engate que nunca chega a levar a sexo, e a primeira frase deixa logo claro o que se segue: "Faço o meu primeiro engate de magala, na rua." E está muito bem escrito, como aliás é típico do Pacheco, que misturava de uma forma única tudo o que de mais abjeto há na vivência humana com uma qualidade fora do comum no manuseio da língua portuguesa. Só que...
Só que está incluído numa antologia de humor. E este texto, pese embora o seu caráter mal-comportado, não tem humor nenhum. É um texto bastante melancólico, até, com algo de trágico e algo de patético, um texto que acompanha um homem infeliz, escravo de apetites que não consegue satisfazer. Independentemente da qualidade, que a tem, não creio que tenha sido bem escolhido para o livro de que faz parte. Mas a leitura vale a pena. E pode até ser feita na internet, nomeadamente, aqui (a ligação é para a 3ª página, que inclui o excerto em questão).
Textos anteriores deste livro:
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