Um Homem e o seu Gato ou O Céu dos Gatos é o Inferno dos Pardais (bib.) é uma novela de ficção científica de João Barreiros, mais uma das suas histórias ambientadas na Fortaleza Europa, na qual hordas de esfomeados vindos de África procuram por todos os meios entrar no distópico paraíso europeu, onde ainda há gente, vejam só o luxo, que tem gatos de estimação. Mas o gato do protagonista da novela não é um gato qualquer. Trata-se de um bioconstructo obtido ilegalmente, uma arma de destruição em massa capaz de produzir um alérgeno letal e de comunicar telepaticamente com o dono. E que, como se não bastasse, tem inteligência própria e, bem, e um enorme mau feitio... ou não fosse um gato.
É uma boa história, apesar de se manter quase previsível do início ao fim, com reviravoltas de enredo e tudo. Quase previsível: há uns detalhes bem apanhados que não deixam que esse quase desapareça. Mas como é óbvio, corre tudo mal. Afinal, trata-se de uma história do Barreiros. Surpreendente e imprevisível seria se alguma coisa corresse bem numa história do Barreiros.
Não falarei do enredo, pois, à falta de outras surpresas, a descoberta dos detalhes da catástrofe é o motor principal da história e aquilo que a mantém interessante. Digo só que o leitor é brindado com um dos protagonistas habituais das histórias do Barreiros: um homem que se julga no domínio da situação, ainda que num domínio periclitante, sempre à beira do precipício, mas depressa se vê ultrapassado por ela, e que tem direito ainda a toques de história de corrupção empresarial, de história de espionagem, de conto-catástrofe e de detalhes de uma FC razoavelmente hard. Não é a melhor história do Barreiros, mas também está longe de ser a pior.
Não sei bem é se os amantes de gatos que pululam por essa internet fora gostariam de a ler.
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