Uma Noite na Periferia do Império (bib.) é, provavelmente, o mais divertido de todos os contos de João Barreiros. Ficção científica com um toque de horror existencial avícola, passa-se num Portugal futuro, numa Terra posterior ao Contacto, o que é o mesmo que dizer na Terra que já descobriu que o Universo está dominado por espécies inteligentes emplumadas, não mamíferas, e que os análogos ETs aos primatas não passam de animaizinhos de estimação dotados de apêndices preênseis. E num Portugal que nutre um ressentimento surdo contra os Croap'tic, um ressentimento passivo, feito de má vontade e hostilidade resmungada. Biologicamente, há aqui ideias perfeitamente disparatadas (uma espécie incapaz de pegar no que quer que seja nunca seria capaz de criar uma civilização tecnológica), mas a história de como um embaixador alienígena chega incógnito a Lisboa e, por entre indignidades várias, vai de mal-entendido em mal-entendido até ao desastre final é realmente divertida e está muito bem apanhada. Um bom conto.
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