Além do P e do C, que emudecem em toda a lusofonia, embora em graus algo diferentes, há alguns casos de emudecimento de consoantes que só ocorrem nos dialetos brasileiros e que, portanto, só afetaram a anterior grafia brasileira. São invariavelmente casos em que o acordo ortográfico não teve qualquer impacto prático: embora as grafias anteriormente divergentes tenham passado a duplas, as palavras continuam após a adoção da nova ortografia a escrever-se tal e qual se escreviam antes: os brasileiros de uma forma, os outros de outra. E além disso a proporção dessas palavras é bastante baixa. Mas, por uma questão de completude desta análise, aqui ficam.
Na fonética brasileira, a sequência GD sofre ocasionalmente e num conjunto bastante restrito de palavras o emudecimento do G. Por conseguinte, na ortografia brasileira palavras como "amígdala" passam por vezes a "amídala". O número destes casos é bastante baixo: são apenas 16 as palavras do VdM que incluem essa sequência, e só 15 estão no vocabulário por causa do emudecimento do G. Todas elas tinham grafia divergente e passaram a ter dupla.
Também a sequência MN sofre em alguns casos, no Brasil, o emudecimento do M, e palavras como "amnistia" escrevem-se do outro lado do Atlântico sem M: "anistia". No Vocabulário da Mudança encontram-se 46 vocábulos que incluem essa sequência, mas só existe emudecimento do M em 31 deles. De novo, todas essas palavras tinham grafia divergente e passaram a tê-la dupla.
Na sequência NN não se pode falar propriamente de emudecimento, mas havia, e continua a haver, uma divergência no uso brasileiro e dos demais países. A palavra é "connosco", que do outro lado do Atlântico se escreve só com um N: "conosco". Mais uma grafia divergente que passa a dupla.
A sequência BD também sofre no Brasil, em casos muito raros, o emudecimento do B. O caso mais conhecido é a palavra "súbdito", que do outro lado do mar se escreve "súdito". No Vocabulário da Mudança encontram-se 21 vocábulos que incluem essa sequência, mas só 2 deles lá estão devido ao emudecimento do B. Em ambos, a grafia divergente passa a dupla.
Por fim, e ainda no Brasil, também na sequência BT se assiste por vezes ao emudecimento do B. O caso mais conhecido, "subtil", tinha antes do acordo ortográfico grafia dupla no Brasil, aceitando-se as formas "subtil" e "sutil". Há no VdM um total de 12 palavras a incluir essa sequência, embora só metade lá estejam por causa dela. Em todos esses 6 casos, as grafias divergentes passam a duplas.
Ao todo, são 55 vocábulos em mais de 6500. Muito pouca coisa.
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