terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

A ficção científica explica

Especula-se muito sobre que espécie de país teríamos se os partidos recém-nascidos da extrema-direita social e/ou da económica chegassem por cá ao poder. Mas na verdade especular é inútil: como é comum acontecer, a ficção científica já tratou disso, e bem. E nem estou a falar da FC que a malta costuma achar erradamente que é a única: a americana. Falo da nossa, portuguesinha da Silva.

Quem quiser saber que espécie de país teríamos se o Chaga chegasse ao poder não tem mais que pegar nos contos da série Fortaleza Europa do João Barreiros. Seria mais ou menos aquilo. Com menos tecnologia e talvez um bocadinho menos de violência (mas não muito), e talvez sem grande respaldo numa Europa que talvez não estivesse toda mergulhada no mesmo pesadelo, uma vez que não costuma haver grande sincronia nos ciclos políticos dos vários países europeus (e daí... pelo que se vê por aí...), mas basicamente sim, seria aquilo.

E quem quiser saber que espécie de país teríamos se quem chegasse ao poder fosse a IL, basta pegar n'As Atribulações de Jacques Bonhomme, de Telmo Marçal. Aí se fala não dos amanhãs que cantam da utopia liberal para os que têm dinheiro (para isso terão de dar um saltinho à FC americana, onde os encontram até à náusea), mas das consequências desse admirável mundo velho para os que não têm. Talvez com um bocadinho, ou bastante, mais de revolta e de convulsão social, que as personagens do Telmo tendem a não vislumbrar qualquer saída para os seus pesadelos e por isso resignam-se, não se revoltam (mas nem sempre, nem sempre), o que no mundo real dificilmente aconteceria, mas basicamente sim, seria aquilo.

Como tantas vezes acontece, a ficção científica explica. Ou já explicou, há anos.

E quem vos disser que a FC não é política, não faz a mais pequena ideia do que está a falar.

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