sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Irmãos Grimm: Os Dois Viajantes

Com este Os Dois Viajantes regressamos às histórias que os Irmãos Grimm não sinalizam como provenientes do lugar Tal, mas sim que são construídas "a partir de um conto" (ou mais) do sítio Tal, querendo com isso dizer, deduzo eu, que este conto foi elaborado por eles e não simplesmente recolhido e apresentado no livro com poucas alterações.

Não por acaso, talvez, é um conto bastante mais extenso do que é habitual neste livro: dez páginas de texto apertado, as quais narram as aventuras de um alfaiate bonacheirão e de um sapateiro carrancudo que um dia se encontram em viagem e, por seguirem para os mesmos lados, decidem continuar juntos. As coisas correm mal, que o sapateiro é um bom bocado psicopata e vai fazer a vida negra ao pobre do alfaiate. Um poço de maldade. Um vilão.

Claro que, como estamos no domínio dos contos de fadas, no fim o vilão acaba punido com toda a severidade e o bom vence na vida. Ou seja, se é certo que há algumas surpresas nas peripécias que os dois protagonizam, já o desenlace é previsível desde o início, pois todo o esquema geral da história é coisa já vista em muitas outras. Há por aqui material rico para o estudo de arquétipos e de relações simbólicas nas histórias que sobrevivem à seleção popular, pressupondo que os Grimm respeitaram o resultado dessa seleção, pelo menos nas suas linhas gerais. Mas literariamente não é conto que me tenha convencido. Achei-o sobretudo bastante olvidável.

Contos anteriores deste livro:

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