O problema das publicações periódicas (e incluo aqui as eletrónicas, quer tenham o formato clássico quer funcionem mais como sites), para quem toma a iniciativa, é estarem sempre inteiramente dependentes do material que venham a receber. Mesmo quando funcionam por um sistema de convites, que em princípio propicia um pouco mais de controlo (um autor para ser convidado é um autor que já se conhece e de cuja produção, em princípio, se gosta), há sempre um elemento forte de incerteza quanto ao tipo de material com que se irá poder trabalhar.
Para os autores, por outro lado, apresentar histórias para publicações novas também pode ser problemático. Raramente sabem que outros autores elas irão também incluir, raramente têm uma ideia mínima sobre o tipo de publicação que será e se as suas histórias (e quais das suas histórias) melhor se poderiam enquadrar nela. Sim, que não basta dizer-se que é uma revista ou fanzine ou qualquer outra variante da coisa de ficção científica e fantástico. O âmbito de tal qualificativo é tão vasto e tão multifacetado que essa informação se torna escassa ao ponto de ficar quase irrelevante.
Daí que os números 1 (ou zero, quando é o caso) raramente podem servir para aferir as qualidades e defeitos de uma publicação, qualquer que ela seja. E este fanzine 1000 Universos, nº 1, naturalmente, não é exceção.
Junior Cazeri reúne aqui um conjunto de histórias bastante irregular. Ignoro se por limitações no material recebido, mas imagino que sim, pois o facto de ter guardado a melhor de todas para o fim, uma forma de deixar o leitor numa nota alta, predispondo-o o melhor possível para a próxima iteração, faz-me supor que estava bem consciente das qualidades e insuficiências do material que tinha em mãos. A juntar a essa, há mais duas ou três histórias mais interessantes e, do outro lado da fronteira da qualidade, duas histórias francamente más. Sendo estas últimas muito dispensáveis, o certo é que as histórias melhores fazem com que a leitura acabe por valer a pena. Afinal, como eu digo sempre, basta conter uma história muito boa para que um livro ou publicação periódica já tenha valido a pena, e, aqui, o conto de Ana Lúcia Merege é essa história.
Eis o que achei de cada um dos contos:
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