Se me dissessem que esta história nasceu pelo título, eu não me surpreenderia. Aço Contra Osso é daquelas aliterações que ocorrem com uma certa frequência a quem tem cabeça para essas coisas, e basta ler algumas das histórias de Luiz Bras para se perceber que ele tem. Depois, teria sido caso de arranjar uma história que se adaptasse ao título para quem este não fosse desperdiçado. Mas claro que isto é pura especulação da minha parte. Não posso saber o que esteve na génese da história; só posso saber o que a história conta.
E o que a história conta é uma perseguição. Um caçador, uma espécie de polícia, persegue uma entidade por espaços virtuais. Um criminoso condenado em fuga, mais propriamente, o qual vai saltando de cenário em cenário sempre perseguido pelo polícia. Ambos se esforçam por encontrar antes do outro a saída do espaço em que se encontram, e pelo menos o polícia fá-lo analisando matematicamente o ambiente em busca de alguma pista que lhe permita resolver as equações que o governam. Porquê? Não é inteiramente claro, mas Bras sugere que quem encontrar a saída tem a possibilidade de determinar o espaço para onde os dois vão a seguir. Por isso o esforço. Mas o polícia perde sempre.
É ficção científica da boa, mais uma vez, mas este conto tem também um ambiente onírico com muito de pesadelo. E com o seu quê de Philip K. Dick; afinal, como em tantas ficções de Dick, também aqui a realidade em que se inserem as personagens é inerentemente plástica e muito pouco digna de confiança. E também esta história conta com o seu quinhão de reviravoltas surpreendentes de enredo, especialmente o muito eficaz final surpresa.
Sim. Este é mais um conto francamente bom.
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