O Caçador de Ausências é mais um continho fantástico de Mia Couto com tudo o que costuma tornar tão inconfundíveis os seus contos. Mas aqui com especial pureza, parece-me. A inventiva linguística, a poesia do neologismo e das subtis ligações de ideias está aqui particularmente apurada, como se Couto tivesse escrito este conto mais inspiradamente do que é hábito.
O tema é um salvamento. Um homem desloca-se entre uma terra e outra para tentar resgatar dívida antiga e, ao voltar de bolsos tão vazios como partira, depara com bandidos armados. Morte iminente, no mínimo estropio. Mas eis que é salvo, da forma mais inesperada possível. Porquê? Aí entra o fantástico, bastante todoroviano na medida em que não é claro se o que conta é a verdade se não passa de interpretação imaginosa.
Tudo somado, temos um conto magnífico, mais um. Dos melhores do livro, se não mesmo o melhor.
Contos anteriores deste livro:
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