A Filha de Maria, mais um conto tradicional alemão na versão dos Irmãos Grimm, é o primeiro destes contos declaradamente cristão, ainda que o cristianismo esteja ausente de outras versões do conto apresentadas em notas, oriundas não só da Alemanha mas de outros países europeus, o que leva a supor que terá sido fruto de adaptação razoavelmente recente de uma história bem mais antiga. De facto, há algumas semelhanças entre este conto e o mito grego de Pandora.
Conta-se nele a história da filha de um lenhador pobre que é levada para o céu pela Virgem Maria, que a avisa de que há aí uma porta que não poderá abrir. E claro que abre, e depois mente dizendo que não abriu, o que faz cair sobre ela uma série de desgraças. A moral da história é clara, especialmente quando destinada a crianças: não metas o nariz onde não és chamado e, se meteres, não mintas, que é pior para ti.
Pessoalmente, sou de opinião que devemos meter muito mais do que costumamos meter os narizes onde não somos chamados, porque se não o metermos, aí sim, será pior para nós. Exemplos em que grupos poderosos tentam fazer-nos a folha e encher os bolsos, mantendo secreta informação que devia ser pública, abundam. Ou seja: a história pode não ser má, que não é (está bem contada e os Grimm escreveram-na bem), mas a moral que traz consigo é péssima.
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