A Princesa Russa é uma história de Mia Couto passada no Moçambique colonial e protagonizada por um assimilado. A história é contada na primeira pessoa, uma confissão do protagonista, já velho, sobre coisas ocorridas muitos anos antes, quando trabalhara como encarregado-geral (uma espécie de capataz, responsável pelos criados) de um casal da nobreza russa que se teria instalado na vila de Manica depois de comprar uma mina de ouro. É uma história de opressão, como quase todas as histórias de que são protagonistas os negros sob o regime não só colonial como ainda por cima fascista, ainda que o seja de forma ambígua, pois o protagonista é não só vítima dessa opressão, como seu agente, dada a posição que ocupava na hierarquia. De facto, nada aqui é maniqueísta, até porque esta também é uma história de amores cruzados e sem esperança.
Em fundo, surgindo também por vezes no primeiro plano, o tema básico é do racismo e das relações de posse, total ou relativa, de alguns seres humanos por parte de outros.
Mais um conto bastante bom, ainda que lhe falte aquele tempero imaginativo, mágico, que eu tanto gosto de encontrar nas histórias de Mia Couto. Este, pesem embora algumas alusões razoavelmente oblíquas, é no essencial um conto realista.
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