Mais um conto dos Irmãos Grimm, e muitas das reflexões que o anterior me tinha causado podiam perfeitamente ter sido causadas por este. Há muito de semelhante entre os dois, uma vez que este O Corvo é outra história carregadinha de magia na qual o protagonista terá que desfazer feitiços para conquistar a mão de uma princesa. E para isso, claro, tem de ter fé na verdade do que lhe dizem sobre os feitiços e sobre a forma de os quebrar.
Mas este conto é mais interessante que o anterior. Sim, continua a ser algo desconexo, o que pode indicar ter sido feito, pelo menos em parte, de pedaços retirados de outras histórias, algo que é muito comum na literatura popular, mas há nele algum conteúdo que ultrapassa a mera fé ingénua nos caminhos da magia ou aquele velhíssimo tropo do valor da persistência (o que não deixa de ter o seu interesse sociológico, reconheça-se). Há por exemplo um alerta sobre o poder que podem ter os desabafos impensados, e há também o seu quê de farsa que se por um lado contribui para a sensação de desconexão, uma vez que está basicamente limitada a uma cena em que três (claro que tinham de ser três) ladrões andam à pancada, por outro até o torna razoavelmente divertido.
Contos anteriores deste livro:
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