É sabido e reconhecido que muitos contos tradicionais foram trabalhados por uma miríade de escritores que os transformaram em obras mais extensas, muitas vezes muito diferentes do material que lhes deu origem, ainda que seja comum encontrá-lo nelas ainda bastante reconhecível. Não é assim de estranhar que ao ler estas histórias dos Irmãos Grimm (ou simplesmente recolhidas por eles) nos lembremos desta história ou daquela, de Fulano ou Beltrano, mesmo quando a fantasia moderna nem é propriamente o nosso género preferido. Mas por vezes também acontece encontrarmos uma história que daria para ser desenvolvida e, que saibamos, não foi.
O que, é bom reconhecer logo à partida, pode perfeitamente dever-se mais a desconhecimento do que à realidade do que existe. Pois o que existe é vasto e multifacetado ao ponto de se tornar incognoscível seja por quem for. E eu que o diga, que quando comecei o Bibliowiki pensava acabá-lo com algumas centenas de títulos e neste momento tem para cima de 16 mil e milhares de títulos em falta (OK, o âmbito do site era de início muito mais restrito do que é hoje: edições portuguesas de ficção científica. Mas mesmo assim...).
Pois este O Gnomo é uma historiazinha complicada que mete um rei rico com três (claro!) filhas e um peculiar gosto por uma certa macieira em cujas maçãs ninguém pode tocar, filhas desobedientes e por isso punidas, desaparecendo, um tal João que vai tentar encontrá-las e eventualmente libertá-las, embora infelizmente tivesse irmãos, um gnomo que depois de levar uma surra indica aos candidatos a heróis onde estão as princesas, uma série de dragões multicefálicos e coisas que é preciso fazer em rigos e sequência para quebrar feitiços. Assim descrito, o conto parece uma grande salada, e de certa forma até é, mas não deixa de ter a sua coerência, bem como pano para muitas mangas que, que eu saiba, nunca ninguém desenvolveu.
Esta é das tais histórias que são interessantes mais pelo potencial que têm do que propriamente pela parte desse potencial que está concretizada.
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