Dedos (bibliografia), noveleta de A. M. P. Rodriguez, é uma história policial sobre uma série de acidentes (ou seriam ataques?) que envolviam autómatos e vitimavam aqueles que os programavam/controlavam, causando algumas mortes e muitíssimos prejuízos. Não uns autómatos quaisquer, mas autómatos dedicados a aprender a executar "tarefas de cariz artesão" que, por algum motivo que não se percebe, são coisas muito dificultosas de aprender para esses substitutos do labor humano.
O protagonista é um sui generis detetive da Brigada Especial de Crimes Elétricos, que vai investigando o que se estaria a passar, de uma forma a que não se pode propriamente chamar lógica, sob ameaça e contra resistências.
A história tem uma série de ideias realmente boas, e um tema com toda a relevância, mas não gostei muito dela. Não gostei particularmente do tratamento dado à língua (há até alguns erros comprometedores que a revisão deveria ter apanhado), não percebi o motivo dos francesismos que enxameiam o texto, este está escrito com um tom irónico que me pareceu algo deslocado do caráter sombrio do enredo, e achei o conjunto um bocado desconexo. Trata-se, parece-me, de uma história cujo potencial, inegável, mereceria um desenvolvimento bastante melhor.
Não é uma má história, entenda-se. É apenas a pior deste início de livro, e deixa um certo sabor a potencial desaproveitado. Há algo de insatisfatório numa obra que é razoável mas poderia ser excelente.
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