Andar a ler histórias sobre doenças, por mais excêntricas e desacreditadas que elas sejam, no meio do que provavelmente será a epidemia do século é uma sensação algo estranha.
Especialmente quando a doença desacreditada é das contagiosas. É o caso desta Doença de Fuseli (bibliografia), saída da pena de alguém conhecido sobretudo como autor de BD: Alan Moore. Como autor de BD de terror, mais precisamente e, sim, esta doença/história é de terror, com base numa ideia realmente muito boa: uma enfermidade onírica que se propaga pelo mundo dos sonhos.
Imaginam? De dia, ou melhor, enquanto acordadas, as pessoas não revelam qualquer sintoma e vivem as suas vidas, saudáveis ou enfermas de outras enfermidades, como se nada se passasse. Mas quando adormecem são assaltadas por sonhos vívidos em que estão doentes, com sintomas característicos, e se por acaso calha sonharem com outras pessoas verdadeiras é quase inevitável que os sonhos destas também passem a ser assim. Imaginam as consequências?
Alan Moore não nos dá as consequências, ainda que sugira algumas; afinal, isto é um livro de descrições de doenças. Mas deixa no ar o apetite de ler uma história mais extensa, com um estilo ficcional mais convencional, sobre um mundo assolado por uma epidemia deste género. Podia ser uma história magnífica. Assim, Moore fez provavelmente o melhor que poderia ter feito dentro das limitações da proposta, o que significa que o resultado é bom. Mas confesso: soube-me a pouco. Queria mais.
Textos anteriores deste livro:
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