segunda-feira, 13 de abril de 2020

Lançamentos de FC de março 2020 (segundo o FCL)

Cá estou eu mais uma vez, com outra lista das edições de FC (e arredores) anunciadas no mês anterior, desta feita março. As limitações, os critérios e patati, patata, podem ser encontrados no primeiro post destes, aquele que se refere a janeiro último. Deem-lhe uma vista de olhos, sim? Mas o que interessa mesmo é sabermos que tal correu o mês. Este.

Há, no entanto, uma notazinha prévia a fazer: o FCL terminou o mês de março muito atrasado, pelo que estas listas, provavelmente, não correspondem à totalidade do mês, sendo o restante reunido com o que vier por aí em abril. Mas mesmo assim...

Pois.

O mês correu mal, claro. E desta vez foi mal em tudo; não só o material português só não está a zeros por ter sido editado no Brasil um livro muitíssimo periférico relativo à FC, como até as traduções foram bastante escassas e, também elas, bastante periféricas. Safa-se um fanzine autoral, que na verdade não faço a mínima ideia se contém FC ou não (até porque ainda não vi por aí uma única opinião a números anteriores; a pecha do costume por escassez de produção de opinião) apesar de se afirmar de ficção especulativa em geral. De outra forma, o deserto seria absoluto. Dá vontade de dizer "escrevam, bolas!" e "publiquem, raisparta!" Seja lá como for. Hoje em dia há n maneiras de publicar, não tem de ficar toda a gente à espera das editoras.

(Ou será que até estão a escrever e a publicar, mas fazem um trabalho tão mau a divulgar edições que ninguém sabe delas? Também é possível.)

(E sim, eu, o gajo que faz o apelo, também estou do outro lado a ouvi-lo. Só posso dizer que vou escrevendo. Devagarinho, mas vai saindo alguma coisa. Publicar? Bem... veremos. Saiu há dias um continho aqui na Lâmpada, mas esse praticamente não conta. Veremos.)

Mas depois de passar o desabafo, até se compreende. A epidemia enfiou-nos numa crise profunda, e não sabemos bem quando e como dela vamos sair. Muitas editoras, se não todas, puseram-se na retranca, adiando lançamentos, algumas talvez até desistindo deles. Segundo as últimas notícias, as vendas de livros em março reduziram-se a menos de metade das que haveria em circunstâncias normais. E iniciativas individuais também precisam de público. Estará esse público disponível nesta altura? Ajuizando por mim, com o pouco que tenho lido no meio de tudo isto, se calhar não. Compreende-se, pois. O que não quer dizer que se goste.

Que isto ao menos sirva para prepararmos um novo impulso assim que o ciclo mudar; tem-se falado tanto de FC nos últimos tempos que no mínimo a curiosidade terá certamente aumentado. Cabe a nós aproveitá-la. Ou, mais uma vez, desperdiçá-la.

Adiante.

No Brasil também houve uma redução, ainda que pouco significativa, mas mais uma vez só se encontram aqui nomes novos. Um deles, de resto (a única moça), é um nome tão novo que recebeu uma imensidão de exposição na imprensa lá do lado ocidental do mar oceano, maior que toda a exposição combinada dos nomes consagrados das várias FCs lusófonas ao longo de vários anos. Caiu-me o queixo, confesso.

Quanto à ficção traduzida, finalmente cá temos o que eu já previa que acontecesse mais tarde ou mais cedo: um enorme desequilíbrio entre o material publicado cá e o material publicado lá, com vantagem para o que saiu lá, obviamente. Fruto sobretudo de um aumento apreciável nas edições brasileiras, ainda que as portuguesas também tenham ajudado, diminuindo.

Por fim, resta assinalar a reedição em ebook de um ensaio português sobre um escritor que roçou pela (proto-)ficção científica, o já referido fanzine e um par de lançamentos de periódicos brasileiros. E siga para o mês que vem, na esperança de que corra melhorzinho.

Ficção portuguesa
  1. Vamos Comprar um Poeta, de Afonso Cruz (publicado no Brasil)
Ficção brasileira
  1. Acid+Neon, nº 2, org. Washington Albuquerque
  2. Alguns Contos Estranhos e uma Novela, de Lucas Victor de Freitas
  3. Ruínas da Escuridão, de Beatriz Di Felice Soriano 
  4. Sangue Vermelho, de J. de J. Batista
  5. Sementes, de Sérgio Barretto 
  6. Titanium, de Leonardo M.
Ficção internacional

Edições portuguesas
  1. 1984, de George Orwell
  2. A Assistente Virtual, de S. K. Tremayne
  3. Esperarei por Ti Toda a Vida, de Megan Maxwell
Edições brasileiras
  1. A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, de Suzanne Collins
  2. A Comunidade Secreta, de Philip Pullman
  3. A Diabólica, de S. J. Kincaid
  4. A Mão Esquerda da Escuridão, de Ursula K. Le Guin 
  5. Apenas Humanos, de Sylvain Neuvel
  6. Bloodshot, de Gavin Smith e Vin Diesel
  7. Box Terríveis Mestres, de Edgar Allan Poe, H. P. Lovecraft e Arthur Conan Doyle
  8. Encontro com Rama, de Arthur C. Clarke 
  9. Mais Fortes Mais Velozes Mais Belos, de Arwen Elys Dayton
  10. O Chamado de Cthulhu, de H. P. Lovecraft
  11. Qualityland, de Marc-Uwe Kling
  12. Sonhos Elétricos, de Philip K. Dick
  13. Vingança, de V. E. Schwab
Não-ficção portuguesa
  1. O Essencial sobre Mario de Sá-Carneiro, de Clara Rocha
Periódicos

Edições portuguesas
  1. As Viagens do Feiticeiro, nº 2
Edições brasileiras
  1. Conexão Literatura, nº 57
  2. Universo GalAxis, anual 2019

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