De repente não consigo decidir se este conto de um tal Benigno Salteador, óbvio pseudónimo pseudoarcádico de alguém que tem ótimos motivos para não querer dar a cara, é uma sátira, um exercício de trollagem, ou coisa escrita a sério. E gostaria de conseguir, porque dessa decisão depende a opinião com que saio desta leitura. Mas vamos por partes.
Analisado sem contexto, este conto é muito mau. Mas mesmo muito mau. Começa logo pelo título de Uma Verdade: Felicidade não Prospera na Eternidade (bibliografia), que leva a supor estarmos perante um daqueles textos desastrosamente pretensiosos, com uma vontade louca de serem filosóficos mas só conseguindo ser absolutamente banais. E vai por aí fora no texto propriamente dito, cumprindo fielmente o que fica anunciado no título e acrescentando-lhe umas tentativas maljeitosas de poetizar.
Mas lá pelo meio da leitura desta história desconexa e hiperadjetivada, a princípio sobre um cágado, depois já sobre outras coisas, rebenta a gargalhada e surge a dúvida no leitor: e se isto for um grande gozo? Se não tiver sido escrito a sério mas for na verdade uma sátira? E eis-nos no território da Lei de Poe adaptada à literatura. É que se isto é satírico é francamente bom. Mas só o autor pode saber se o é ou não.
Eu, por mim, fico na dúvida.
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