segunda-feira, 27 de abril de 2020

Benigno Salteador: Uma Verdade: Felicidade não Prospera na Eternidade

De repente não consigo decidir se este conto de um tal Benigno Salteador, óbvio pseudónimo pseudoarcádico de alguém que tem ótimos motivos para não querer dar a cara, é uma sátira, um exercício de trollagem, ou coisa escrita a sério. E gostaria de conseguir, porque dessa decisão depende a opinião com que saio desta leitura. Mas vamos por partes.

Analisado sem contexto, este conto é muito mau. Mas mesmo muito mau. Começa logo pelo título de Uma Verdade: Felicidade não Prospera na Eternidade (bibliografia), que leva a supor estarmos perante um daqueles textos desastrosamente pretensiosos, com uma vontade louca de serem filosóficos mas só conseguindo ser absolutamente banais. E vai por aí fora no texto propriamente dito, cumprindo fielmente o que fica anunciado no título e acrescentando-lhe umas tentativas maljeitosas de poetizar.

Mas lá pelo meio da leitura desta história desconexa e hiperadjetivada, a princípio sobre um cágado, depois já sobre outras coisas, rebenta a gargalhada e surge a dúvida no leitor: e se isto for um grande gozo? Se não tiver sido escrito a sério mas for na verdade uma sátira? E eis-nos no território da Lei de Poe adaptada à literatura. É que se isto é satírico é francamente bom. Mas só o autor pode saber se o é ou não.

Eu, por mim, fico na dúvida.

Textos anteriores deste livro:

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