De regresso aos pequenos contos e outros textos mais difíceis de classificar de Luiz Bras, deparo com Meu Nome é Lobo, uma vinheta de uma ficção científica muito poética, contada na primeira pessoa por uma criatura que aparenta ser uma espécie de lobisomem cibernético, vítima de uma insaciável sede de violência como qualquer outro lobisomem. Mas atenção: neste caso a violência não é indiscriminada. Pelo contrário, tem um alvo preciso, o que no fundo sugere que a criatura terá sido concebida como arma. O alvo é Brasília, e mais concretamente a sua classe política, os deputados e senadores que, pelo menos para aquele cujo nome é Lobo, são invariavelmente corruptos e merecedores de estraçalhamento.
É um conto de raiva, este. Uma daquelas histórias geradas pela fúria impotente contra os desmandos dos que têm muito mais poder do que deviam ter. Conheço-as bem: também escrevi algumas. Por isso sei que servem de catarse para o escritor, e provavelmente também para parte dos leitores. E é essa a sua principal qualidade. Quando têm outras, como neste caso (o conto está bem escrito e estrutrado), é só lucro.
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