O Osso Cantante parece ser uma das histórias menos alteradas pelos Irmãos Grimm, ajuizando tanto pela habitual nota que a acompanha, a qual desta vez fala de outras histórias aparentadas ou semelhantes mas não de fusões nem de reformulações, como pela sua extensão (ou melhor: brevidade) e estrutura, que a assemelham bastante mais do que é hábito às histórias portuguesas recolhidas pelo Adolfo Coelho.
É um daqueles contos morais sobre a bondade e a maldade, focando-se num rei que quer ver morto um certo javali muito selvagem que vive numa floresta, para o que promete (como sempre) a mão da filha em casamento ao bravo que o matar, e nos dois irmãos que encaram o desafio, ainda que por motivos bem diferentes. Um dos irmãos é bom, recebe uma lança mágica de presente de um velho misterioso e mata o javali, o outro é mau, mata o irmão e apresenta-se em seu lugar como caçador vitorioso, ganhando assim a mão da princesa. Mas como nestas histórias morais a maldade nunca vence, passado algum tempo um dos ossos do irmão assassinado é encontrado, é feita com ele uma flauta, e é essa flauta que constitui o osso cantante do título, pois dela em vez sair música sai a verdade.
É um exemplo curioso de literatura popular, daqueles que é possível imaginar desenvolvidos (e adulterados... digo, adaptados) em obras mais extensas, mas bastante previsível se não nos detalhes pelo menos nos seus traços gerais, como de resto acontece quase sempre neste tipo de história.
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