Este texto vem classificado como conto, mas não é um conto. Será porventura um primeiro capítulo de um texto mais extenso, o qual talvez nunca tenha sido escrito, mas conto, decididamente, não é. E isso é um problema.
Não sou, confesso, grande fã de finais em aberto. Principalmente porque acho difícil fazê-los bem. Um final, supostamente, deverá encerrar um arco de história, quando não encerra a história toda. E neste caso convém que o arco que encerra seja mais interessante do que aquele(s) que deixa em suspenso para que o leitor termine a leitura com alguma satisfação. Não sei se Pedro Pereira quis fazer isto (ou sequer se concorda comigo; pode ter outra opinião), mas se quis não conseguiu. Aquilo que fica em suspenso no final deste O Artefacto é bastante mais interessante do que o que se encerra.
O conto cheira a Star Wars por todo o lado. Num planeta habitado por uma espécie autóctone, os sakuki, há duas fações que procuram um certo artefacto de tecnologia avançada, produzido por uns tais inai. A protagonista é uma caçadora de prémios que é contratada para recuperar (i.e., roubar) o artefacto, mas acaba por descobrir ter-se metido em assuntos algo mais sérios do que julgava. E depois... não perca as cenas dos próximos capítulos.
E é pena a coisa ser assim cortada de forma tão incerimoniosa, porque aqui Pedro Pereira até conseguiu construir uma história com um ritmo interessante, pese embora o seu caráter altamente derivativo, e sem grandes fragilidades de escrita. Se fosse realmente um conto, esta história poderia ser significativamente melhor que as outras histórias suas que li até agora. Mas assim, a insatisfação que aquele final deixa para trás não permite que o seja.
Este livro, como todos os publicados pela Fantasy & Co., pode ser descarregado a partir daqui.
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