quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Rainer Maria Rilke: A Fuga

Isto é engraçado. Levei anos a pegar neste livrinho, convencido (ou pelo menos com receio) de que as "histórias românticas" que o título alardeia fossem daquelas tragédias delicodoces e insuportavelmente sentimentalonas tão do agrado dos escritores do século XIX. Afinal, agora que o leio, descubro que não é nada disso. Preconceitos. São sempre uma bodega.

A Fuga, no entanto e a princípio, parece. Um casal de jovens, apaixonadíssimos e confrontados com resistências familiares, faz planos vagos de fugir de casa e partir para algures, juntos. Rainer Maria Rilke parece preparar-se para desenvolver um daqueles dramalhões de faca e alguidar, à moda antiga. Mas depois chega o momento de concretizar os planos, e a proverbial porca torce o rabo.

O rapaz descobre que os arroubos de paixão não resistem ao confronto com a destruição da vida que uma fuga daquelas originaria. Ao descobrir isso, descobre também que a paixão, se calhar, nem é tanta quanto isso. Que, em suma, assim que começa a pensar o romantismo perde para o pragmatismo. E vai tudo por água abaixo. Ou pelo contrário, talvez.

É um conto interessante, este. E, mais do que ser um conto romântico, é um conto que faz uma crítica ao romantismo.

Contos anteriores deste livro:

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