quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Philip K. Dick: A Chegada

Esta coisa da arrumação de contos em revistas e antologias tem que se lhe diga. Não é só questão de organizar as coisas por forma a que a experiência do leitor seja a melhor possível, ou a que este se sinta o mais satisfeito possível ao terminar a leitura (são duas coisas próximas, mas diferentes), é também questão de não criar demasiados contrastes entre autores próximos na sequência, especialmente se colados. E às vezes roça a maldade pôr um autor logo antes ou a seguir a outro se bem que, convenhamos, escolher autores para ladear Philip K. Dick não é fácil. No entanto, não sendo fácil, pôr uma história como a de Bob Kurosaka antes deste A Chegada (bibliografia) é maldade.

O conto é Dick escarrapachado e atenção que vêm aí spoilers com fartura. A princípio parece tudo mais ou menos normal, ainda de uma forma algo acidentada. Uma nave, vinda de Marte e trazendo os tripulantes de uma missão que correu mal, desce com muito pouco controlo algures nos Estados Unidos. Combalidos, mas vivos e muito felizes por estarem de volta à Terra, os tripulantes saem da nave e põem-se a caminho, em busca de algum lugar onde possam entrar em contacto com as autoridades e a NASA. Mas...

... mas toda a gente foge deles. E depois veem-se cercados e acossados pelo FBI, que os trata não como heróis regressados improvavelmente ao planeta natal, mas como inimigos, a prender se possível, a abater caso não seja. Como é natural, eles ficam completamente confusos: o que raio está aqui a acontecer? Bem, Dick explica o que raio está ali a acontecer. Eu é que não vos vou revelar a explicação, digo apenas que está muito bem esgalhada. Muito bem esgalhada.

Este conto é francamente bom.

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